PRISIONEIRO DO TEMPO, © 2007
Sinto-me esgotado em escrever,
Mas as palavras inquietas, rebeldes,
Fazem uma manifestação pública,
Convidam todos os meios de comunicação
Para presenciarem a minha desconexão.
Acusam-me de falta de ética mental,
E publicam o meu cárcere intelectual,
Expõem-me ao julgamento do silêncio,
Onde a mente, antes fértil, agora se esvai,
Em um deserto de ideias que se dissipam no ar.
Em retiro prisional, sou condenado,
A trabalho forçado nas pedreiras da mente,
Cada pedra, uma ideia por lapidar,
Na esperança de que a lavagem sinta,
Na alma, o vento de eremita, que sopra solitário, buscando a paz.
E assim, continuo, cansado,
Mas sem poder fugir desse chamado,
Onde as palavras, com força e fúria,
Arrastam-me para um campo de batalha interior,
Até que, finalmente, o vento leve, traga a calma que tanto procuro,
E a alma, lavada, encontre seu rumo.