PRISIONEIRO DO TEMPO, © 2007
Sou consciente matéria humana,
Que se pretende inconsistente,
Entre a razão que me sustenta
E o caos que me atrai lentamente.
Sou feito de carne e pensamento,
De sentimentos que se contradizem,
Busco a estabilidade, mas no fundo,
Anseio pela liberdade que a inconstância traz.
Cada certeza é uma prisão,
Cada dúvida, uma porta aberta,
E entre o sólido e o etéreo,
Encontro-me em constante alerta.
Quero ser fluido, não fixo,
Mudar de forma, de ideia, de visão,
Pois na inconsciência do momento,
É que encontro a verdadeira criação.
Sou consciente, sim,
Mas também sou o que escapa,
O que se dissolve no vento,
E se refaz no silêncio da madrugada.
Sou matéria humana,
Que se pretende inconsistente,
Uma dança entre o ser e o deixar de ser,
Em busca de um equilíbrio inexistente.