PRISIONEIRO DO TEMPO, © 2007

Quero afeiçoar-me e não consigo, o meu ser já não permite,

Como se as portas do coração estivessem trancadas,

Somente deixando passar expressões sentimentais

Em gritos de espíritos universais.

É como se a alma estivesse além, ligada a algo maior, distante,

Onde o amor individual se dilui, e se transforma em um clamor constante

Por algo que transcende o humano,

Algo que ecoa nos confins do universo.

As emoções que brotam de mim

Não são mais pequenas ou singelas,

São tempestades de sentimento, que vibram em sintonia

Com as dores e as alegrias de um cosmos em expansão.

Quero afeiçoar-me, sentir o calor do laço,

Mas tudo o que consigo, são esses gritos que ressoam

Nos espaços vastos do ser, onde o individual se perde,

E o espírito busca o eterno, o infinito.

Talvez um dia, ao retornar do abraço dessas estrelas distantes,

Eu encontre novamente o caminho para a afeição simples, humana,

E possa, enfim, ser tocado pelo amor que se faz aqui,

Neste pequeno e complexo mundo.