PRISIONEIRO DO TEMPO, © 2007

Só falo o mínimo e essencial

Numa educação social,

Enquanto os restantes conversam em manancial,

Eu me resguardo, observando a cena,

Por vezes, sou um mero espectador

No meio de uma plateia em rumor.

As palavras me vêm em doses pequenas,

Evitando o excesso que muitos preferem,

Pois na economia do discurso,

Encontro a verdade que tanto busco.

Vejo as conversas fluírem em torrentes,

Rodeado por vozes que se entrelaçam,

E, enquanto todos mergulham nas palavras,

Eu observo, em silêncio, cada nuance.

É no murmúrio da multidão

Que me percebo distinto,

Prefiro ser a pausa entre os sons,

Aquele que escuta mais do que diz,

E que encontra sentido na quietude,

Mesmo quando o mundo ao redor

Se perde em seu próprio ruído.

Falo pouco, mas quando falo,

Faço-o com intenção e clareza,

Enquanto a plateia se perde em rumor,

Eu encontro a paz na minha própria contenção.