PRISIONEIRO DO TEMPO 2 © 2008

Este acto voluntário,

De ser autêntico, sem máscara ou véu,

Assusta o terceiro ordinário,

Que, na mentira, encontra o seu troféu.

Incomodado, ele mente primeiro,

Tentando contornar a verdade nua,

Mas ao cair, quebra o brio inteiro,

E com isso, parte a alma crua.

Não vocifera com trejeitos de indignação,

Pois sabe que a esposa, em tempos passados,

No sítio certo, com fria precisão,

Lhe pôs os cornos, sem muitos cuidados.

Na natureza do descrente,

Finge ser único, na conveniência,

Mas é apenas mais um, decadente,

O falso brilho, reflexo da sua aparência.