PRISIONEIRO DO TEMPO 2 © 2008

As palavras são as mendigas da alma,

Sempre a pedinchar um digno registo,

Vagam pelas ruas do pensamento, sem calma,

Buscando abrigo, mesmo que seja num texto mal visto.

Mesmo com a miséria a servir de cama,

Elas insistem, teimosas, em existir,

No lixo, encontram o conforto que a vida clama,

Os lençóis rotos a cobrir a vergonha de insistir.

Elas sabem que, mesmo na pobreza,

Há um valor que transcende o material,

Pois na essência, carregam a pureza

De uma verdade que, mesmo sofrida, é real.

E assim, as palavras, mendigas sem teto,

Persistem em sua jornada, sem cessar,

Buscando um espaço, mesmo que discreto,

Onde possam, enfim, repousar e brilhar.