ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008

Falar tornou-se um vazio, um eco sem sentido,

Prefiro a escrita como fonte, um refúgio perdido,

As palavras na corrente, levam o alimento frio,

E ao chegarem como ideia, tornam-se um rio sombrio.

Em onda majestosa, na imensa praia se derramam,

Deslizam suavemente sobre a areia, onde se amam,

Misturando-se com os grãos, desvanecem-se sem fim,

Pelas minhas condenadas mãos, que cego, as escrevem assim.

A escrita, pausadamente, é o meu único alívio,

Mas também é fardo, num ciclo obsessivo,

Onde cada palavra que nasce, parece já morrer,

E eu, num silêncio profundo, continuo a escrever.