ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008
As mil almas que habitam dentro de mim, sem cessar,
Não me dão descanso, sempre prontas a clamar,
Na necessidade de partir, ao passado se ligam,
E encontram no futuro, um novo modo de sentir que me instigam.
Eu, que aguento o eterno cansaço, pesado e denso,
Que me entrelaça como uma corrente, num laço imenso,
Leva-me ao fundo, na âncora de aço, fria e dura,
E no abismo do ser, sinto a dor que perdura.
Aproveito o espaço que se cria, num feixe luminoso,
Ao descer, desconheço,
O porquê de tanto sofrimento espinhoso,
E na escuridão, onde a luz pouco reluz,
Questiono o fardo que a minha alma conduz.
Porquê sofrer tanto, pergunto sem resposta,
Enquanto as mil almas em mim continuam a sua aposta,
E no fundo do abismo, encontro o silêncio profundo,
Onde as correntes se quebram, e a dor perde-se no mundo.