ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008
Gostava de viver mil anos, num tempo sem fim,
Para que pudesse guardar no infinito os enganos em mim,
Inúmeros e infelizes, que me mantêm preso e aflito,
Como o peso que suporto, nesta trilha, meu grito.
Veem-me como suspeito, com carimbos a marcar,
Rótulos de uma sociedade que não se quer revelar,
Ignota e cega, a julgar o que não compreende,
Gostava de ser eterno, para que o tempo me defenda.
Em registo nos papiros computáveis, me eternizar,
Para que o futuro nunca visto pudesse me escutar,
Sentisse os chips afáveis, como uma memória viva,
E o pulsar gorgolejante, como lava que se aviva.
Em jeito de vulcão em erupção constante,
Nas montanhas das façanhas, sou o gigante,
Que tomba, não pela queda, mas pela grandeza,
Do coração que, mesmo imenso, se curva à pureza.