ALMA GRANDE NO MEU PAÍS 2 © 2008

Sempre vai ser assim, este constante namoro,

Ó ideia, dá-me o divórcio antes do eterno casamento, imploro.

Será que já fui apanhado nas redes da tua ilusão?

Sabes bem que nunca te darei filhos, só o passado,

Avô do futuro isolado, preso ao que foi deixado.

Nem andarei contigo em passeios pela avenida,

Nem te pronunciarei perante o mundo, ó vida perdida,

Viverás dentro da minha alma iludida,

E nunca sairás do teu coma profundo, adormecida.

Permanecerás eterna na desorientação,

O meu esforço será sempre pouco, sem convicção,

Trazer-te a este mundo de cão onde se sobrevive,

Só se fosse louco, em desatino que não vive.

E assim, permaneces, sonho nunca realizado,

Dentro de mim, sem eco, sem passado,

Serás sempre a sombra que não alcança o dia,

Uma ideia que vive, e que nunca ganha vida.