ÚLTIMO CICLO © 2008

No meio dos passeios, as quitandeiras,

Com os seios a balouçar na procura,

Alimentam as bocas da fome nas eiras,

À sombra da alma, árvore de frescura.

O raio de ação, reduzido e pequeno,

Sob o sol abrasador, que queima a pele,

Na falta de uma mão firme, um terreno

Que sele o sofrimento, sem mais tropel.

Que seja, por fim, uma caixa fechada,

Onde a dor não possa mais escapar,

E a mensagem, clara, seja decifrada

Na vela que há de marejar.

Ao fundo da praia, onde a brisa canta,

Ela refresca os pés de princesa africana,

E parte, pela estrada que encanta,

Em busca de saldar a vida, de lés a lés, soberana.

O amanhã traz sempre oportunidades,

No negócio da fruta, e das hortaliças,

Mas as dores matutinas, e as dificuldades,

Engolem o tempo, com as suas preguiças.

Sonham um dia largar a labuta,

Ficar prostradas, ao nada, ao silêncio,

Na letargia de uma fada astuta,

Vestida de ornamentos em colorido lenço.