ÚLTIMO CICLO © 2008

Foram trinta verões seguidos,

A cólera e a malária a ceifar os campos,

A população fugia, com os rostos perdidos,

Correndo estrada fora, sob os ventos brancos.

Fugiam para a capital dos santos,

Onde esperavam encontrar redenção,

Nos montes, ficaram os corpos, tantos,

Outros choraram, sem haver nem direção.

Para onde ir? Uns lugares lindos sonharam,

Onde o céu tocasse a terra com doçura,

E um dia, ao ermo enfim chegaram,

Gratos pela paz, longe da tortura.

Longe do fumo, das chamas do inferno,

Dos calafrios, dos tolos abastados,

Encontraram no silêncio, tão eterno,

Um lugar onde podiam ser seus próprios polos.

Mas o mar, sempre presente, os fez lembrar,

Trouxe a saudade, de forma enraizada,

E assim, na vasta infinita paz do olhar,

Eles encontraram a eterna calma desejada.