ÚLTIMO CICLO © 2008

Recolhido o rosto entre as palmas,

Mãos gretadas entreabertas ao vento,

Um raio de luz, ao longe, acalma,

Enquanto as chamas devoram o pensamento.

Almas incertas, inquietas na sua dor,

O íntimo congestionado, o tráfego parado,

A urna passeia, sem pressa ou fervor,

Num carro dourado, um luxo desmedido, exagerado.

A fila, como coluna que cresce e se estende,

Atinge a fronteira, a barreira da vida,

E na diferença, o saber ainda defende,

A professora que nunca se esqueceu da lição aprendida.

Nos tempos de escola, ainda menina,

Brincava ao catrapone e à cabra-cega,

Nos recreios breves, a campainha fina

Soava, chamando-a para o estudo, sem nega.

O recolher obrigatório, em som austero,

Era o prenúncio de novas descobertas,

Onde a escrita, sem copianço ou erro,

Evoluía nas mãos que se mantinham despertas.