ÚLTIMO CICLO © 2008

O assobio saiu do anonimato

E registou-se na pauta de música,

Na vergonha habitual de um novato

Foi humilde em não usar a dica.

Guardou a jovialidade para o tempo certo,

Esperou ser chamado nas festas da cidade,

Em palco, com o coração aberto,

Gritar ao mundo a sua verdade.

Ser suave, doce melodia,

Nos risos e nas danças de verão,

Mas quando a mágoa lhe apertasse o peito,

Libertaria o grito da sua aflição.

Um grito profundo, rasgando o céu e o mar,

Capaz de agitar as águas mais calmas,

Revolteando o espaço, sem nada a guardar,

Como uma urna que jaz, vazia de almas.

E às virgens, curvadas no desejo,

Ele sussurrava, sem medo nem torto,

Um segredo profundo, quase ensejo,

Num olhar que se perderia no silêncio.