ÚLTIMO CICLO © 2008
O destino jaz sepulto, em terra comprimido,
Num abraço de vulto, seu silêncio é emitido.
Envia um mensageiro que pelos céus flutua,
Na ânsia de um fim que o mistério insinua.
É a morte que paira, em pacto selado,
Calada no espaço, o seu verbo é cortado.
Esfaqueia o verso na melhor das odes,
Como quem fere o tempo e os seus códigos.
O momento aguardado, a sombra a sangrar,
O punhal de ladrão no universo a ceifar.
Na nova mansão, o silêncio final,
Onde a vida se curva ao seu triste ritual.
A urna fechada, o corpo gelado,
Num ciclo eterno, para sempre calado.
Mas a alma, liberta, marulha no rio,
E desagua serena, no calor de um desvio.