ÚLTIMO CICLO © 2008

Saber que dois milhões de crianças morrem a cada ano,

Essa ideia crava-se fundo, como um grito insano.

Não esqueças este continente, terra de dor e lamento,

Onde a vida se apaga num silêncio cru e violento.

Guerrilheiros que comem corações, na crença cega,

Um feitiço que, na ignorância, a vitória carrega.

Mas onde está a humanidade, nesse cenário sombrio,

Deitada em camas de sangue, num torpor vazio?

Acorda, humanidade, do teu sono pesado,

O futuro das crianças está no chão, despedaçado.

Não há feitiço que cure a ferida que nos dilacera,

Se continuarmos a dormir sobre o sangue que a guerra gera.