ÚLTIMO CICLO © 2008

Existem momentos que pairam no ar,

Suspensos na ânsia de os corações agarrar,

Num adeus de lenços, como romaria em oração,

Choram baixinho, buscando atenção.

O silêncio acolhe, ouvindo o lamento,

De mão em mão, nasce um novo alento.

Creem numa nação de esperança e perdão,

E dizem com fé: "Abre-te, coração".

A partilha é feita, com amor a vibrar,

Nas horas aflitas, nunca há de castigar.

São as boninas, flores de uma devoção,

As meninas do seu pai, que lhes dá proteção.

Ainda que pai chato, no seu jeito errante,

É no fundo o guardião, amor vigilante.

Pois nas boninas, delicadas e sensíveis,

Vive o amor paterno, em laços invisíveis.