ÚLTIMO CICLO © 2008

Tudo é tão pouco, e o olhar suspira,

Na admiração silenciosa, a alma retira-se.

Anseia ser aquilo que nunca rompeu,

Pela falta de inspiração, o sonho perdeu-se.

Foi mais uma vítima da própria condição,

Acreditou em ideias vãs, na falsa direção.

Dívidas acumulou, e a vida encheu-se,

De correntes que, presas, nunca rompeu.

Prisioneiro da falta, mas o desejo persiste,

Dentro da malta, o coração ainda resiste.

E ao final de tarde, viaja na fantasia,

Onde se vê criança, livre na ousadia.

Na ilusão vive, como tantos outros,

Eu na minha, num mundo de contos.

E assim, na longa noite, a alma aninha-se,

Deitada no chão, onde tudo é tão pouca linha.

A um passo do louco, a mente tropeça,

Por tudo ser tão pouco, a razão enfraquece.

Mas o desejo ainda dança, entre a razão e o sonho,

Na esperança de um rasgo que traga o retorno.