ÚLTIMO CICLO © 2008

A cruzada sem retorno, o coração partido,

Feito monstro sem corno, num lamento contido.

O beiço babado, de saliva amarga e fria,

Que escorreita desliza, num rasto de agonia.

Ao cair no livro, a palavra se esmaga,

É triste, reclama, num grito que se apaga.

Pede ao sentimento um argumento feroz,

Mas não percebe que a lama é a sua voz.

A banha da opulência, cama silenciosa,

Onde o peso da alma se torna viscosa.

Em silêncio se ganha, mas a que custo afinal?

Se o que resta é a lama, o fim desigual.