SALMOS © 2008

Quantos erros são precisos, para que a ideia se revele,

Para que, em aceitação, o orgulho enfim se desvele?

Ó Cristo, veste de novo a túnica aos teus emissários,

Que proclamem a palavra nos cantos mais solitários.

De quantas vidas, perguntas, é feita essa fome,

Que se espalha no mundo, a corroer cada nome?

Quantos mais terão de sofrer na injustiça calada,

Enquanto a desigualdade transforma a alma cansada?

Também eu me envergonho, no silêncio que me aflige,

Quando vejo o vazio que à esperança corrói e finge.

Mas Cristo, se és o pão que a todos sustenta,

Por que ainda há fome em cada alma sedenta?

Talvez, no erro, esteja a chave da redenção,

Um caminho tortuoso que conduz à transformação.

Mas a dor da desigualdade pesa em mim, e em ti?

De quantas mais vidas, ó Cristo, precisamos até ao fim?