UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

Os cotos dos homens são lanças cortadas

Que outrora no meu coração foram cravadas,

E, eu não morri, para ver nos seus olhos a súplica

De uma devolução que se quer além de um perdão.

Sobrevivi ao peso do ferro cruel,

À dor que molda mas não destrói,

Pois, no âmago, sei que o mel

Da alma é mais forte que o aço que corrói.

Não é o perdão que eles buscam,

Mas um retorno à inocência perdida,

Algo que nas suas mãos já não cabe,

E que no meu peito, ainda, palpita vida.

O que foi cravado não será devolvido,

Pois o que resta é o silêncio profundo,

Onde a ferida já não é castigo,

Mas eco de um perdão que transcende o mundo.