UM GRITO EM LIBERDADE © 2008
O que vive fora não é real,
É uma representação genuína,
Em mim é que existe o mal,
Por não ser manhoso e traquina.
O que me resta? Apenas ser
Uma ave a esbracejar funesta,
Sem migalhas a depenicar,
No voo rasante da festa.
Inútil como eu, na diferença,
Ser sem oportunidade,
O cenário, o dístico, a crença.
O quadro paisagístico pintado,
Com tristeza, por não ser em futuro
O destino, a vida, o fado.
Sinto o vazio, o peso da ausência,
Nas pinceladas daquilo que não vem,
E vou-me arrastando na inconsciência,
De um mundo que ignora o meu além.