UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

Arranquei as raízes da terra,

E surgi com as pernas cortadas,

Minha voz soluçada ainda berra,

Na tentativa de as ver atadas.

Por um cordel mágico e frágil,

Desfiado em jeito eterno,

Num carrossel imaginário,

A ondular na bruma do inverno.

Sem defraudar o olhar menino,

Que ficou com a infância presa,

À espera que uma vela mágica,

Se apague, enfim, em tristeza.

E que as lágrimas caídas,

Reguem a terra seca e fria,

Para que nunca mais, nas vidas,

A esperança morra na agonia.

Não mais nasçam crianças

Com a ideia de pernas amputadas,

Que possam correr livres e plenas,

Sem carregar dores silenciadas.