UM GRITO EM LIBERDADE © 2008
Sou o reflexo de tudo
O quanto a vida não quis,
Doutor, formado com canudo,
A ensinar em quadro de giz.
Mas, em contrapartida,
Sou uma espécie de superstar,
Que com a vida nunca sabe estar,
A travar a própria subida, em ferida.
Sempre aberta, com o sangue
A esvair-se e a esvaziar as veias,
Que em desespero estanque
Solicita um torniquete a meias.
Mas nada acontece, senão o choque,
Em notícia à família da sua morte,
Os amigos, esses, ficaram na infância,
Protegidos da condenação, em inocência.
Sou o que a vida não quis aceitar,
Uma alma perdida num corpo em ruínas,
Que busca sentido, mas ao tropeçar,
Descobre que a dor é quem dita as sinas.