UM GRITO EM LIBERDADE © 2008
E, de repente, voltei a ter memória.
Como se uma chama se acendesse,
Revelando-me páginas perdidas da história
Que em mim, por tanto tempo, se esquece.
Como que ausente, numa espécie de coma,
Profundo, silencioso, sem cor nem som,
Vivi, durante décadas, sem forma,
Longe de mim, do mundo, da emoção.
Era um fantasma vagando em silêncio,
Sem rosto, sem nome, sem essência,
Até que, num instante, acordei do lenço
Que me cobria de dura ausência.
Agora, com a memória a pulsar,
Reconheço o que fui, o que deixei,
E na luz do presente, a recomeçar,
Talvez, enfim, eu me reencontrei.