UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

Foi preciso um trajeto em perdição

Para perceber o significado da vida,

O melhor lado, empiricamente em mão,

Conduzida de modo terno e querida.

As lágrimas que foram choradas,

Regaram a terra para cultivar o amor,

Mas demoraram uma eternidade a florescer,

E a culpa é do homem que não soube as ver.

Tem evitado o seu cultivo, por receio

De os espinhos não o fazerem sangrar,

Pois o sangue é um necessário meio

De prolongar a agonia e os interesses a se amarrar.

Para que muitos fiquem na sua condição,

Sem poder erguer um olhar em súplica,

Como cães, numa última geração,

Que rugem somente um latido, em rédea curta.

O homem teme o que a dor pode libertar,

Por isso, fecha os olhos ao amor, ao perdão,

E segue a vida com medo de se encontrar,

Preso no círculo de sua própria prisão.