UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

É preciso fazermo-nos de palhaços,

Disfarçar a dor em risos falsos,

Para compreender o circo que nos envolve,

Onde a verdade, na sombra, se dissolve.

Dançamos ao som de um rufar distante,

Com passos incertos, num chão instável,

Enquanto o público aplaude, constante,

Ignorando que o espetáculo é insondável.

Na arena, tudo é exagero e farsa,

Somos artistas de uma peça sem fim,

Mas, por detrás da máscara que disfarça,

Há um grito mudo que ecoa em mim.

Assim, tornamo-nos palhaços, por saber,

Que só na loucura podemos entender,

O circo onde a vida nos faz viver,

Num jogo que poucos conseguem ver.