UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

De que mar navegado

Surgi em fado, que ainda não cheguei

A ser nas ondas o navio alado,

Que sobre os ventos da vida, flutuei?

A partida, tão longa e incerta,

Ainda não teve volta, nem fim,

E a revolta, silenciosa e desperta,

Continua a arder dentro de mim.

De que matéria fui eu moldado,

Que, fechado, ainda não ergui

A espada, que no peito guardado,

Me impele a ser o soldado que não fui?

A liberdade, essa conquista por vir,

Anseia por um palco, uma cena aberta,

Ser peça de teatro, revista a surgir,

Na vida onde a alma desperta.

Mas enquanto não chego, nem parto,

Navego perdido, em busca do ser,

Que nas ondas do tempo, tão farto,

Encontra em si, a razão de viver.