UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

Não duvido que os outros possam ser felizes,

Numa trajetória de ascensão e glória,

Eu é que ando no meio dos vagabundos infelizes,

Na procura da melhor face para a minha história.

Não critico mais os modos diferentes dos demais,

Que ostentam a sua riqueza em jeito de troféu,

Eu é que vivo mal, porque quero desmistificar os ais

Da loucura para ser uma espécie rara, em museu.

Não, eu não sou louco, os outros são-no,

Em obediência a um método repetitivo,

Pensando-se senhores, em créditos pagam-no,

Com juros altos num ciclo cumulativo.

Eu, que várias almas tenho dentro de mim a rir,

Que bem poderiam dividir as dívidas pelos tios,

Quanto mais uma vida para conseguir cumprir

Os prazos estipulados nos contratos bancários.

Deixem-se de contribuir para os cofres alheios,

Os vossos bem precisam de ser nivelados,

Para fazer face a uma emergência sem rodeios,

Que normalmente surge aos mais necessitados.

O que é a riqueza, senão uma ilusão,

Vendida como troféu de conquista?

Enquanto eu, sem ouro, sem distinção,

Busco a essência que o mundo resista.