UM GRITO EM LIBERDADE © 2008
As minhas lágrimas deixaram de ser gotas isoladas,
Eram outrora solitárias, perdidas, desamparadas,
Agora, de um fio desfiado seguem longas, sem pressa,
Até ao infindável rio que a dor abraça e atravessa.
Transbordando pelos prados verdejantes, lá se vai o sal,
A amargura, companheira fiel, que nos tem feito mal,
Correndo por caminhos antigos, levando o passado,
Num silêncio profundo, de um destino traçado.
E eu, o corpo líquido, em rigorosos invernos,
Torno-me gelo, na forma dos meus infernos,
Mas na pausa, quando a estação o permite,
Minha alma, em sossego, o fardo da dor omite.
Requalifico-me, então, para os novos tumultos,
Enfrentando-os com a força dos sonhos ocultos,
Pois em cada lágrima, em cada queda sofrida,
Renovo o sentido da minha contínua vida.