UM GRITO EM LIBERDADE © 2008
Gostava de ser um manequim,
Sempre impecável nas fotografias,
Sem ter de ajustar em mim
A postura exigida pelas demagogias.
Nas inaugurações, entre os convidados,
Ser comentado pela pose, pelos melhores lados,
Um símbolo de perfeição, imutável, sereno,
Sem o peso das escolhas, do certo e do ameno.
Mas, na quietude de um olhar vazio,
Será que o brilho da vida encontra alívio?
Ou será apenas uma máscara, sem expressão,
Que esconde a verdade, que finge a emoção?
Prefiro ser imperfeito, com alma e falhas,
Sentir o calor, as dores e as batalhas,
Pois é na vulnerabilidade que me descubro inteiro,
E, mesmo fora das fotos, sou mais verdadeiro.