UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

Será possível chorar a humanidade?

Em pranto de canto, as lágrimas vertem,

No seu jeito quente de eterna saudade,

Deslizam pela face, que o tempo deserta.

A face, a servir de aconchego, recolhidas,

As lágrimas cumprem o seu destino de sofridas,

Mesmo quando não são merecidas,

Tornam-se reflexos de almas perdidas.

É o seu modo de ser, a sua identidade,

Um lamento profundo que ecoa na verdade,

E, por vezes, é dificultada pela idade,

Mas nunca deixa de expressar a realidade.

Chorar a humanidade é sentir no peito,

Cada dor, cada perda, cada amor desfeito,

É carregar nos olhos o peso do mundo,

E, mesmo em silêncio, dar voz ao profundo.

Pois as lágrimas, na sua simplicidade,

São a essência da nossa humanidade,

E, no seu fluir, revelam o que somos,

Seres que choram, mas que, em lágrimas, nos formamos.