UM GRITO EM LIBERDADE © 2008

A sombra anda perdida,

Umas vezes atrás, outras à frente,

E não sabe a que corpo pertencia,

Pedra figurativa de estranha gente.

Porém, também passa ao lado,

Refletindo assim as quatro posições,

Diferentes almas que, em seu jeito calado,

Não referem entre si as melhores sugestões.

Poderiam bem intervir na decisão,

E evitar a dúvida que se instala em receio,

Mas os passos lentos do alto castigo, não,

Não permitem que se quebre o gelo do meio.

Não sabem qual a sua verdadeira posição,

Apesar de as percorrerem por inteiro,

O eixo ou o círculo, eis a confusão,

Que as deixa à deriva, sem rumo certeiro.

E assim, a sombra vagueia incerta,

Sem saber onde se firmar, onde parar,

Como uma alma que busca, mas não desperta,

No labirinto de si mesma, a tentar se encontrar.

Entre o eixo e o círculo, perdida,

Sem saber se seguir em frente ou voltar,

A sombra persiste, sem ser compreendida,

Num ciclo eterno, sempre a hesitar.