REFLEXÕES © 2011
O que tu vês
É apenas uma sombra minha,
Uma máscara serena que escondo,
Mas o meu verdadeiro ser é uma andorinha.
Que se recolhe, discreta e só,
Nos beirais das casas silenciosas,
E parte sempre, num impulso de pó,
Mesmo quando não tem asas vigorosas.
O seu voo, rasante e ligeiro,
É o carinho que não sabe mostrar,
É a alma que, leve, pede o primeiro
Abraço que nunca soube encontrar.
De quem teve necessidade de muito,
Sem o conseguir dizer em palavras,
O voo é o grito calado, profundo,
De uma alma que, livre, sonha novas moradas.