REFLEXÕES © 2011

Meu coração triste, cansado,

Em jeito de abandono, enganado,

Pulsando devagar, como quem espera,

Que a dor se dissipe, que a luz se reponha,

Mas o peso do mundo já lhe desespera.

Um dia destes, o seu tique-taque,

Sem força, sem corda para dar mais uma volta,

Ficará no meio do tempo, parado,

Como um relógio esquecido, sem rota.

E nesse instante de silêncio final,

Onde o tempo deixa de ser um fardo,

Talvez a alma, enfim, encontre o tal

Caminho para o eterno, livre de embargo.

Mas até lá, na sua tristeza solitária,

O coração insiste, mesmo que precário.