CARTAS AO DESTINO © 2012

O dom de uns

É a perdição de outros,

Como luz que ilumina alguns

E cega os desavisados rotos.

Aquilo que floresce numa mão,

Na outra pode ser espinho,

Pois o que a vida dá em bênção

Pode ser dor em outro caminho.

Há quem carregue o dom com graça,

E espalhe paz por onde vai,

Mas há quem o use como arma,

E na sombra, o seu brilho cai.

O que é talento num ser,

Para outro é tentação e queda,

Pois nem todos sabem conter

O poder que o dom lhes enreda.

Assim, o que é elevação para uns,

Pode ser abismo para outros,

E aquilo que enriquece algumas almas,

Em outras, faz perder os rostos.

O dom de uns, então, é fardo,

Quando mal-usado ou entendido,

Pois aquilo que deveria ser bênção

Torna-se perdição, num coração perdido.