CARTAS AO DESTINO © 2012
Gostava de vos ver a bater palmas aos mendigos,
Aos que caminham nas ruas invisíveis,
Onde o olhar desvia e o coração se cala,
Enquanto as almas permanecem sensíveis.
Gostava de ouvir um discurso emotivo,
Que agradecesse a sua existência,
Como se a pobreza fosse espelho
Da nossa própria inconsciência.
Mas não pelo sofrimento que carregam,
Nem pelas mãos estendidas ao vento,
Mas porque, no seu silêncio,
Revelam o que falta no nosso entendimento.
Agradecer por nos lembrar
Que a riqueza não está no ouro,
Mas na compaixão que negamos
A quem vive num mundo tão louco.
Bater palmas aos mendigos,
Não pelo destino que lhes foi dado,
Mas por serem reflexo da sociedade,
Que os deixou para trás, desamparados.
Sim, gostava de vos ver,
Com lágrimas sinceras e vozes atentas,
A reconhecer que na fragilidade deles,
Está a cura das nossas mentes ausentas.