LINHAS DE PENSAMENTO © 2014

O permanecer em silêncio debaixo da terra,

Onde o tempo não toca, onde tudo se encerra,

O latejar das veias, o espreguiçar das artérias,

Como raízes que rompem as frágeis matérias.

Sinto o pulsar do que é invisível,

A luta quieta, o gesto imprevisível,

E, feito raízes fortes, romper a prisão,

Renascer, brotar da própria escuridão.

Chorar, sim, porque todos os oceanos habitam,

As suas marés revoltas em mim gritam,

Chorar, chorar, porque todos os vulcões

Explodem em ecos de antigas canções.

Dentro de mim, há mundos que não vejo,

Fúrias e águas, o fogo e o ensejo,

De ser mais do que carne, mais do que pensar,

Sou o silêncio que aprende a gritar.