LINHAS DE PENSAMENTO © 2016
As lágrimas, feito cortinas, desceram,
Veludo molhado num silêncio mudo,
E eu, atrás do palco, na sombra me fiz,
Sentindo que outrora, talvez, tive tudo.
Os aplausos, distantes, ecoam vazios,
Um sonho esvanecido em lembrança subtil,
Mas, no coração, o que o tempo levou,
Ainda guarda o brilho, ainda guarda o abril.
As cortinas cerram-se, pesadas, firmes,
O palco despido, a cena final,
E eu, nos bastidores, apenas suspiro,
Um eco da vida, num gesto tão real.
Tive tudo, pensei, por um breve segundo,
Mas o tempo é vento, é brisa fugaz,
E as lágrimas que caem, qual cortinas,
São só memórias do que já ficou para trás.